Valdir de Morais está na primeira prateleira dos melhores guarda-metas que já passaram pelo Palmeiras em todos os tempos. Craque da posição, foi titular do Verdão por uma década e, além de fazer história dentro de campo, deu importante contribuição para o futebol brasileiro ao ser um pioneiro na função de preparador de goleiros.

Valdir de Morais iniciou sua carreira em 1947, no extinto Renner de Porto Alegre, clube pelo qual sagrou-se campeão gaúcho em 1954 (entre 1940 e 1996, aquela foi a única vez que o título estadual não ficou com Grêmio ou Internacional).

Chegou ao Palmeiras em 1958 para se tornar um dos atletas mais vencedores da história do clube. Destacava-se pela impulsão e elasticidade, pela boa colocação, pela  coragem nas saídas de gol, pelo reflexo apurado e pela ótima reposição de bola. Foi um dos goleiros mais completos de sua geração.

Naquele ano, o Verdão vivia uma reformulação no elenco. Com a contratação Divulgação_Goleiro Valdir posa para foto durante treino no Parque Antarcticado treinador Oswaldo Brandão e a venda do craque Mazzola para a Itália após a Copa do Mundo (negociação que rendeu uma verdadeira fortuna para o clube), os dirigentes alviverdes não pouparam esforços para reforçar a equipe. Pelo menos sete jogadores de qualidade foram contratados, entre os quais estava Ênio Andrade, que indicou o goleiro Valdir – ele foram companheiros de Renner.

Desde 1954, com a saída do legendário Oberdan Catani, o Palmeiras procurava um goleiro à altura do antecessor. E, em pouco tempo, Valdir, que já era visto como um atleta de qualidade, pois tinha integrado a Seleção Gaucha e sido campeão pan-americano pela Seleção Brasileira (1956), provou ser este homem.

Apesar de recém-chegado e com uma estatura considerada baixa para goleiros (1,75m de altura), o gaúcho logo recebeu as primeiras oportunidades e, com grandes atuações, ganhou posição de destaque na equipe titular.

Divulgação_Valdir de Morais durante treino em seus tempos de atleta profissional do Verdão

Também em 1958 estrearam no time alguns ótimos jogadores, como Chinesinho, Julinho Botelho, Américo, Geraldo Scotto, Zequinha e Romero. Na temporada seguinte, em 1959, juntou-se ao elenco o já consagrado Djalma Santos. Estes nomes foram o embrião do time que, anos mais tarde, ganhou a alcunha de “Academia”, pelo futebol de classe e tecnicamente apurado.

Divulgação_Com 480 jogos, Valdir de Morais é o 3º goleiro com mais partidas pelo clube (atrás de Marcos, com 532, e de Leão, com 620)Em 1959, o Palmeiras vivia o maior jejum de títulos da sua história até então. A última conquista havia sido o Campeonato Mundial Interclubes, em 1951, e a tarefa de recolocar o clube no caminho das taças era árdua, afinal, o principal adversário era o Santos, do jovem Pelé e diversos outros craques. Após uma disputa final em três partidas, que culminou no apelido de Supercampeonato para aquele estadual, o Alviverde se impôs, vencendo a última partida por 2 a 1.

Valdir está eternizado também por ter sido o primeiro goleiro da história do Palmeiras a se sagrar campeão brasileiro, em 1960, e o primeiro a ser finalista da Copa Libertadores, em 1961. Faturou ainda os Paulistas de 1963 e 1966, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1967, a Taça Brasil de 1967 e oTorneio Rio-São Paulo em 1965.

Em 1965, aliás, o eterno guarda-metas palestrino esteve presente no histórico embate do dia 07 de setembro, quando o Palmeiras, por completo, representou a Seleção Brasileira em partida diante do Uruguai, na inauguração do Mineirão, e venceu por 3 a 1.

Divulgação_Valdir esteve presente em um dos momentos mais importantes da história do Palmeiras: o dia em que o clube representou a Seleção Brasileira por completo

Outro episódio marcante ocorreu em 1966. Palmeiras e Corinthians se enfrentaram pelo Torneio Rio-São Paulo, e o Verdão vencia o clássico por 2 a 1 quando, aos 43 minutos do segundo tempo, o árbitro Olten Aires de Abreu marcou um pênalti a favor do Alvinegro. Ninguém menos que Mané Garrincha, que teve uma rápida passagem pelo Parque São Jorge, foi para a cobrança. Valdir defendeu o pênalti, garantindo a vitória e levando a torcida palestrina à loucura.

 

“O Valdir foi um dos maiores goleiros que eu vi jogar. Ele não fazia festa, pose nas defesas, nada disso. Ele ‘apenas’ tinha uma colocação fora de série. Se o atacante não tivesse tranquilidade, perdia o gol. O Valdir tinha uma presença que espantava os adversários”, conta o ex-atacante César Maluco.

No dia 16 de maio de 1968, mais um vice-campeonato de Libertadores selou o fim da gloriosa trajetória no Verdão. A última vez que Valdir atuou pelo clube foi na derrota por 2 a 0 para o Estudiantes de La Plata, resultado que deu o título aos argentinos. O gaúcho ainda defendeu o Cruzeiro de Porto Alegre, onde encerrou a em 1969.

Valdir defendeu a meta alviverde durante dez anos consecutivos e, entre os goleiros, só tem menos jogos que seus sucessores Emerson Leão e Marcos.

Divulgação_Valdir de Morais ajudou a construir a fama de 'Academia de Goleiros' que o Palmeiras leva; da esq p/ dir: Leão, Marcos, Sérgio, Oberdan Cattani, Velloso e Valdir de Morais
Os ex-goleiros Leão, Marcos, Sérgio, Oberdan, Velloso e Valdir

PREPARADOR DE GOLEIROS

Dois anos depois de pendurar as chuteiras, Valdir foi convidado pelo técnico Oswaldo Brandão para ser seu auxiliar no novo desafio que ele encararia à frente do Palmeiras. Valdir, porém, sugeriu fazer um trabalho específico com os goleiros – era a primeira vez na história que um especialista da posição seria o responsável pelo treinamento de arqueiros. Brandão prontamente aceitou.

“Como o primeiro na carreira de preparador de goleiros, ele foi muito importante para o Palmeiras e para o futebol brasileiro. Ele passou esta escola para as demais equipes e, por isso, está marcado na história. Hoje, essa é uma profissão. Sem contar a ‘Academia de Goleiros’ que se iniciou no Verdão. A maioria aprendeu coisas sobre colocação, reflexo e outras habilidades com ele”, destaca César Maluco, lembrando que passaram pelas mãos do mestre craques como Emerson Leão, Marcos, Velloso, Sérgio e Zetti, entre outros.

Divulgação_Como preparador, Valdir de Morais integrou a comissão da Seleção Brasileira e vários outros clubes, trabalhando com os principais técnicos do país

Valdir trabalhou toda a década de 70 no Palmeiras. Na década seguinte, exerceu a mesma função no São Paulo, onde permaneceu até meados dos anos 90, antes de voltar ao Palestra Italia (também foi treinador interino da equipe principal do Palmeiras nesse anos). Participou da preparação dos goleiros nas Copas de 1982 e 1986 como auxiliar-técnico de Telê Santana, trabalhou como coordenador técnico no Corinthians no fim dos anos 90 e teve mais duas passagens pelo Verdão até deixar o cargo em 2011.

Divulgação_Após encerrar a carreira, Valdir de Morais foi treinador de goleiros e ensinou os principais arqueiros de gerações posteriores à sua, como por exemplo o Marcos (foto)

Para homenagear essa figura ímpar no futebol brasileiro, o Palmeiras, em meio à reestruturação do núcleo técnico da Academia de Futebol em 2018, batizou a sala oficial da comissão técnica no centro de treinamento alviverde com o nome de Valdir Joaquim de Morais.

Valdir Joaquim de Morais 23 de novembro de 1931
Porto Alegre-RS 11 de janeiro de 2020

Posição: Goleiro

Número de temporadas: 11

Clube anterior: Renner-RS

Jogos:

480 (291 vitórias, 96 empates e 93 derrotas)

Estreia: Palmeiras 7x1 Ituano (28/09/1958)

Último jogo: Palmeiras 0x2 Estudiantes-ARG (16/05/1968)

Principais títulos:

Campeonato Paulista em 1959, 1963 e 1966; Campeonato Brasileiro em 1960, 1967 (Torneio Roberto Gomes Pedrosa) e 1967 (Taça Brasil); Torneio Rio-São Paulo em 1965

Valdir de Morais está na primeira prateleira dos melhores guarda-metas que já passaram pelo Palmeiras em todos os tempos. Craque da posição, foi titular do Verdão por uma década e, além de fazer história dentro de campo, deu importante contribuição para o futebol brasileiro ao ser um pioneiro na função de preparador de goleiros.

Valdir de Morais iniciou sua carreira em 1947, no extinto Renner de Porto Alegre, clube pelo qual sagrou-se campeão gaúcho em 1954 (entre 1940 e 1996, aquela foi a única vez que o título estadual não ficou com Grêmio ou Internacional).

Chegou ao Palmeiras em 1958 para se tornar um dos atletas mais vencedores da história do clube. Destacava-se pela impulsão e elasticidade, pela boa colocação, pela  coragem nas saídas de gol, pelo reflexo apurado e pela ótima reposição de bola. Foi um dos goleiros mais completos de sua geração.

Naquele ano, o Verdão vivia uma reformulação no elenco. Com a contratação Divulgação_Goleiro Valdir posa para foto durante treino no Parque Antarcticado treinador Oswaldo Brandão e a venda do craque Mazzola para a Itália após a Copa do Mundo (negociação que rendeu uma verdadeira fortuna para o clube), os dirigentes alviverdes não pouparam esforços para reforçar a equipe. Pelo menos sete jogadores de qualidade foram contratados, entre os quais estava Ênio Andrade, que indicou o goleiro Valdir – ele foram companheiros de Renner.

Desde 1954, com a saída do legendário Oberdan Catani, o Palmeiras procurava um goleiro à altura do antecessor. E, em pouco tempo, Valdir, que já era visto como um atleta de qualidade, pois tinha integrado a Seleção Gaucha e sido campeão pan-americano pela Seleção Brasileira (1956), provou ser este homem.

Apesar de recém-chegado e com uma estatura considerada baixa para goleiros (1,75m de altura), o gaúcho logo recebeu as primeiras oportunidades e, com grandes atuações, ganhou posição de destaque na equipe titular.

Divulgação_Valdir de Morais durante treino em seus tempos de atleta profissional do Verdão

Também em 1958 estrearam no time alguns ótimos jogadores, como Chinesinho, Julinho Botelho, Américo, Geraldo Scotto, Zequinha e Romero. Na temporada seguinte, em 1959, juntou-se ao elenco o já consagrado Djalma Santos. Estes nomes foram o embrião do time que, anos mais tarde, ganhou a alcunha de “Academia”, pelo futebol de classe e tecnicamente apurado.

Divulgação_Com 480 jogos, Valdir de Morais é o 3º goleiro com mais partidas pelo clube (atrás de Marcos, com 532, e de Leão, com 620)Em 1959, o Palmeiras vivia o maior jejum de títulos da sua história até então. A última conquista havia sido o Campeonato Mundial Interclubes, em 1951, e a tarefa de recolocar o clube no caminho das taças era árdua, afinal, o principal adversário era o Santos, do jovem Pelé e diversos outros craques. Após uma disputa final em três partidas, que culminou no apelido de Supercampeonato para aquele estadual, o Alviverde se impôs, vencendo a última partida por 2 a 1.

Valdir está eternizado também por ter sido o primeiro goleiro da história do Palmeiras a se sagrar campeão brasileiro, em 1960, e o primeiro a ser finalista da Copa Libertadores, em 1961. Faturou ainda os Paulistas de 1963 e 1966, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1967, a Taça Brasil de 1967 e oTorneio Rio-São Paulo em 1965.

Em 1965, aliás, o eterno guarda-metas palestrino esteve presente no histórico embate do dia 07 de setembro, quando o Palmeiras, por completo, representou a Seleção Brasileira em partida diante do Uruguai, na inauguração do Mineirão, e venceu por 3 a 1.

Divulgação_Valdir esteve presente em um dos momentos mais importantes da história do Palmeiras: o dia em que o clube representou a Seleção Brasileira por completo

Outro episódio marcante ocorreu em 1966. Palmeiras e Corinthians se enfrentaram pelo Torneio Rio-São Paulo, e o Verdão vencia o clássico por 2 a 1 quando, aos 43 minutos do segundo tempo, o árbitro Olten Aires de Abreu marcou um pênalti a favor do Alvinegro. Ninguém menos que Mané Garrincha, que teve uma rápida passagem pelo Parque São Jorge, foi para a cobrança. Valdir defendeu o pênalti, garantindo a vitória e levando a torcida palestrina à loucura.

 

“O Valdir foi um dos maiores goleiros que eu vi jogar. Ele não fazia festa, pose nas defesas, nada disso. Ele ‘apenas’ tinha uma colocação fora de série. Se o atacante não tivesse tranquilidade, perdia o gol. O Valdir tinha uma presença que espantava os adversários”, conta o ex-atacante César Maluco.

No dia 16 de maio de 1968, mais um vice-campeonato de Libertadores selou o fim da gloriosa trajetória no Verdão. A última vez que Valdir atuou pelo clube foi na derrota por 2 a 0 para o Estudiantes de La Plata, resultado que deu o título aos argentinos. O gaúcho ainda defendeu o Cruzeiro de Porto Alegre, onde encerrou a em 1969.

Valdir defendeu a meta alviverde durante dez anos consecutivos e, entre os goleiros, só tem menos jogos que seus sucessores Emerson Leão e Marcos.

Divulgação_Valdir de Morais ajudou a construir a fama de 'Academia de Goleiros' que o Palmeiras leva; da esq p/ dir: Leão, Marcos, Sérgio, Oberdan Cattani, Velloso e Valdir de Morais
Os ex-goleiros Leão, Marcos, Sérgio, Oberdan, Velloso e Valdir

PREPARADOR DE GOLEIROS

Dois anos depois de pendurar as chuteiras, Valdir foi convidado pelo técnico Oswaldo Brandão para ser seu auxiliar no novo desafio que ele encararia à frente do Palmeiras. Valdir, porém, sugeriu fazer um trabalho específico com os goleiros – era a primeira vez na história que um especialista da posição seria o responsável pelo treinamento de arqueiros. Brandão prontamente aceitou.

“Como o primeiro na carreira de preparador de goleiros, ele foi muito importante para o Palmeiras e para o futebol brasileiro. Ele passou esta escola para as demais equipes e, por isso, está marcado na história. Hoje, essa é uma profissão. Sem contar a ‘Academia de Goleiros’ que se iniciou no Verdão. A maioria aprendeu coisas sobre colocação, reflexo e outras habilidades com ele”, destaca César Maluco, lembrando que passaram pelas mãos do mestre craques como Emerson Leão, Marcos, Velloso, Sérgio e Zetti, entre outros.

Divulgação_Como preparador, Valdir de Morais integrou a comissão da Seleção Brasileira e vários outros clubes, trabalhando com os principais técnicos do país

Valdir trabalhou toda a década de 70 no Palmeiras. Na década seguinte, exerceu a mesma função no São Paulo, onde permaneceu até meados dos anos 90, antes de voltar ao Palestra Italia (também foi treinador interino da equipe principal do Palmeiras nesse anos). Participou da preparação dos goleiros nas Copas de 1982 e 1986 como auxiliar-técnico de Telê Santana, trabalhou como coordenador técnico no Corinthians no fim dos anos 90 e teve mais duas passagens pelo Verdão até deixar o cargo em 2011.

Divulgação_Após encerrar a carreira, Valdir de Morais foi treinador de goleiros e ensinou os principais arqueiros de gerações posteriores à sua, como por exemplo o Marcos (foto)

Para homenagear essa figura ímpar no futebol brasileiro, o Palmeiras, em meio à reestruturação do núcleo técnico da Academia de Futebol em 2018, batizou a sala oficial da comissão técnica no centro de treinamento alviverde com o nome de Valdir Joaquim de Morais.

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